Finanças verdes e ESG em fusões e aquisições: como integrar sustentabilidade em valuation e deals

Prospyre Batari Frash
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Carlos Eduardo Rosalba Padilha explica como finanças verdes e ESG podem ser integrados em operações de M&A.

O especialista Carlos Eduardo Rosalba Padilha destaca como a pauta ESG vem transformando os processos de fusões e aquisições. De acordo com ele, fatores ambientais, sociais e de governança passaram a influenciar diretamente a avaliação de empresas, ampliando a relevância de ativos sustentáveis. A integração desses critérios não apenas reforça a credibilidade corporativa, mas também potencializa a atratividade de investidores que priorizam negócios alinhados à responsabilidade socioambiental.

Nos últimos anos, observa-se que fundos de investimento e instituições financeiras aumentaram as exigências quanto à comprovação de práticas sustentáveis. Esse movimento pressiona companhias em negociação a apresentarem relatórios consistentes de governança, impacto ambiental e responsabilidade social. A ausência desses dados pode reduzir o valuation ou mesmo inviabilizar operações de M&A, o que reforça a necessidade de preparação prévia e de auditorias específicas para mitigar riscos reputacionais.

O papel do ESG no valuation empresarial

Carlos Padilha frisa que a análise de valuation sofreu mudanças significativas ao incorporar variáveis ligadas à sustentabilidade. Empresas com políticas claras de redução de emissões, gestão de resíduos e diversidade tendem a alcançar múltiplos de mercado mais altos. Essa valorização ocorre porque investidores percebem menor risco regulatório e maior alinhamento com tendências globais de longo prazo.

É possível evidenciar que companhias sem práticas de ESG estruturadas enfrentam deságio em processos de avaliação. Isso acontece porque os custos potenciais de adaptação futura, passivos ambientais ocultos ou falhas de governança são considerados na precificação. Assim, o ESG não se limita a um diferencial competitivo, mas se consolida como componente indispensável para determinar o valor justo de empresas em transações estratégicas.

Due diligence sustentável: avaliando riscos e oportunidades

Carlos Eduardo Rosalba Padilha salienta que a due diligence ganhou novas camadas de complexidade ao incluir critérios de sustentabilidade. O processo agora exige auditorias ambientais, sociais e de governança, capazes de identificar riscos ocultos que possam comprometer a transação. Questões como passivos ambientais, condições trabalhistas e transparência fiscal tornaram-se fatores centrais para validar a viabilidade de negócios.

Sustentabilidade e valuation caminham juntos nas fusões e aquisições, destaca Carlos Eduardo Rosalba Padilha.
Sustentabilidade e valuation caminham juntos nas fusões e aquisições, destaca Carlos Eduardo Rosalba Padilha.

Ressalta-se também que uma due diligence sustentável pode revelar oportunidades de criação de valor. Empresas com boas práticas de eficiência energética ou programas de inclusão social fortalecem sua imagem e ampliam o potencial de integração cultural após a fusão. Esse alinhamento reduz conflitos, melhora a aceitação do mercado e aumenta as chances de retorno positivo para os investidores envolvidos.

O impacto regulatório nas finanças verdes

Carlos Padilha comenta que as regulamentações globais impulsionam a consolidação do ESG em fusões e aquisições. Diretivas internacionais como o SFDR na Europa e as exigências da SEC nos Estados Unidos pressionam empresas brasileiras a se adaptarem, já que o capital estrangeiro exige padrões elevados de transparência. Esse movimento cria um novo parâmetro de competitividade, em que negócios não adequados às normas podem perder acesso a financiamentos estratégicos.

Além disso, observa-se que governos e organismos multilaterais oferecem incentivos financeiros a companhias alinhadas a objetivos de sustentabilidade. Linhas de crédito verdes e condições diferenciadas em financiamentos tornam-se atrativos adicionais em negociações de M&A. Dessa forma, a regulação não apenas impõe custos, mas também abre caminho para oportunidades de expansão e inovação empresarial.

Integração de ESG no pós-deal: desafios e soluções práticas

Carlos Eduardo Rosalba Padilha informa que a verdadeira eficácia da sustentabilidade em fusões e aquisições ocorre no pós-deal, durante a integração das operações. Unir culturas organizacionais com diferentes níveis de maturidade em ESG pode gerar atritos e reduzir sinergias esperadas. Por isso, é fundamental elaborar planos detalhados de unificação de práticas, com metas claras e indicadores de desempenho acompanhados periodicamente.

Acrescenta-se que soluções práticas, como a criação de comitês de sustentabilidade, treinamentos de colaboradores e investimentos em tecnologias limpas, ajudam a consolidar a nova identidade empresarial. Essa integração fortalece a reputação perante clientes, investidores e sociedade, além de garantir que o valor identificado no valuation se materialize no longo prazo. Em um ambiente competitivo e em constante transformação, a incorporação efetiva do ESG no pós-deal é decisiva para consolidar resultados sustentáveis e duradouros.

Autor: Prospyre Batari Frash

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